Planejamento, Processos e a postura do empresário brasileiro

Recente pesquisa feita pela Serasa Experian aponta que, até setembro deste ano, 662 empresas entraram com o pedido de recuperação judicial, 10% a mais que o mesmo período em 2012. Os dados referentes ao mês de outubro ainda não foram divulgados, porém muito vem sendo discutido pela mídia sobre a divulgação do pedido de recuperação judicial de empresa petroleira, mundialmente conhecida, feita oficialmente no último dia 30.

Nesse sentido, alerta-se para a relevância de três fatores importantes para a condução sustentável dos negócios e comum a todo tipo de empresa, independente de porte ou segmento de atuação: planejamento, processos e controle.

De acordo com Alberto Fernandez Filgueiras, especialista em Administração Executiva e proprietário da Big Blue Services, empresa do segmento de Tecnologia da Informação e Serviços, o grande problema dos empresários brasileiros que são subsidiados pelo setor público está, de modo geral, relacionado à ilusão de ambas as partes de que possuem tudo controlado. “Acredito que exista uma miopia, no que tange às situações em que se considera que tudo está controlado, sendo que estar é uma condição transitória e o mundo globalizado gira, fazendo com que o controle da situação não seja, necessariamente, permanente. Existe uma grande diferença entre a situação estar controlada e ser controlada. Outro aspecto que, em minha opinião, influencia para a decorrência desses acontecimentos, é a eleição/produção de empresários-heróis, o Capitalismo de Laços bem descrito em livro por Sérgio Lazzarini e empresas virtualmente indefectíveis”, explica o executivo.

Para Filgueiras, o que de fato irá promover a sustentabilidade dos negócios, são os aspectos de governança e a forma como se constrói uma trajetória de sucesso.

“Existem empresários que, ao longo de anos, foram construindo um cenário sólido guiado a partir do uso de excelentes práticas de gestão, que propõem um modelo orientado a processos eficientes, controle muito forte de custos, meritocracia, planejamento, etc. Por outro lado, quando se tem uma situação de muita alavancagem financeira, em que existe um otimismo exagerado sem que haja preocupação na construção de uma trajetória e procedimentos sólidos, como é o caso da petroleira, o planejamento estruturado acaba apresentando uma dissonância cognitiva de gestão, no que diz respeito à entrega de um projeto de tal magnitude” aponta.

Como bem destaca o executivo, quando você enxerga uma oportunidade muito maior do que ela realmente é, você é acometido por um otimismo indulgente e acaba esquecendo–se de pequenas práticas óbvias que são essenciais para a gestão.

“Se você tem uma gestão eficiente, uma gestão orientada a bons processos, processos eficazes e eficientes, bem definidos e que possam ser mensurados, controlados e gerenciados, você estará continuamente revendo esses processos e trabalhando para a melhoria contínua dos mesmos”, ressalta Filgueiras.

Boas práticas para evitar a recuperação judicial

É nesse sentido, que as empresas precisam adotar boas práticas visando alcançar bons resultados, para continuar contando com o auxílio governamental através das políticas de incentivo e subsídio ao empreendedor, uma vez que com o crescimento dos pedidos de recuperação judicial e decretos de falência, as “regras” podem mudar.

“Creio que o atual modelo de subsídio está chegando ao seu limite. O mercado começou a ver isso com maus olhos. Se você capta e depois investe sem compromisso de retorno, a governança da empresa fica desalinhada com as melhores práticas disponíveis e isso, efetivamente, apresenta a conta. A nota de crédito do Brasil, das empresas e grupos que foram subsidiados, está sendo passível de revisão. A grande confusão está novamente na diferença entre ser e estar, nas condições momentâneas e como sustentá-las para que venham a ser permanentes. Você sair do estou para o sou é uma estrada longa, é um processo contínuo de construção que precisa ser analisado, revisto e realinhado frequentemente, a fim de que sejam adotadas as melhores práticas de gestão, as mais adequadas ferramentas e, naturalmente, selecionadas e absorvidas as pessoas com efetiva capacidade de gerir, para concretizar seus objetivos de entrega e ser bem sucedido em seus negócios”, finaliza Filgueiras.

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